Médica Veterinária Dra. Marcelle Pons – CRMV-PR 14596
O gás ozônio (O3) foi descoberto em 1840, pelo cientista alemão Dr. Christian Friedrich, e seu primeiro uso terapêutico aconteceu durante a Primeira Guerra Mundial, quando foi utilizado para cicatrização de feridas. Assim nasceu a ozonioterapia. Desde então, estudos vêm sendo realizados acerca do seu abrangente potencial terapêutico.
O ozônio medicinal é obtido a partir do oxigênio, que passa através de geradores de ozônio, durante o atendimento ou em momento próximo ao uso, devido à instabilidade do gás. A técnica ainda é considerada um “procedimento experimental” pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), entretanto, já é reconhecido pelo Conselho Federal de Odontologia (CRO) desde 2015 e, foi reconhecida este ano pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). A Associação Brasileira de Ozonioterapia Veterinária (Abo3vet) já iniciou o processo de regulamentação pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) para que a prática seja aprovada e exercida com base na utilização em humanos, porém, devidamente adaptada aos animais.
O ozônio medicinal é muito utilizado nas terapias em seres humanos e animais devido às suas propriedades:
- Antimicrobianas: a inativação dos micro-organismos ocorre através da interrupção de seu ciclo reprodutivo, além da destruição da barreira que os recobre.
- Anti-inflamatórias: ao ativar moléculas antioxidantes, as quais são responsáveis pela proteção
- Modulação do estresse oxidativo através da diminuição dos radicais livres. Estes, gerados pelo próprio organismo a cada respiração celular, contribuem para o envelhecimento celular e favorecem o aparecimento de doenças (Imagem 1), caso não existam antioxidantes suficientes capazes de neutralizá-los.
Imagem 1. Ação dos radicais livres à nível celular.
Processo de ativação do sistema antioxidante
Sua utilização em pequenos e grandes animais vem se mostrando eficiente nas seguintes aplicações:
- Tratamento da Artrose;
- Reabilitação fisioterápica;
- Cicatrização de feridas;
- Coadjuvante no tratamento de doenças metabólicas, através da modulação dos radicais livres;
- Modulação do sistema imunológico;
- Otimização da liberação de oxigênio nos tecidos;
- Modulação de inflamação.
A terapia pode ser utilizada por diferentes vias, tais como insuflação retal, auto-hemoterapia, tratamento tópico, injeção intra-articular ou subcutânea, assim como por tempo variável. Tais decisões cabem única e exclusivamente ao Médico Veterinário, podendo variar de acordo com a saúde do paciente.
Conclui-se que a ozonioterapia gera um ambiente, fora e dentro das células, adequado para que o organismo possa reagir adequadamente e, mas efetivamente às doenças. Pode ser utilizado de forma isolada ou associada à terapia convencional, sempre com objetivo comum: acelerar a recuperação e promover qualidade de vida.
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Fontes:
Associação Brasileira de Ozonioterapia.
Associação Brasileira de Ozonioterapia Veterinária
2018, Galié,M.; Covi, V.; Tabaracci, G.; Malatesta,M. The role of NrF2 in the Antioxidant Cellular Response to Medical Exposure.
2018, Bosco,A.M; Almeida,B.F.M; Valadares,T.C.; et al. Preactivation of Neutrophils and Systemic Oxidative Stress in Dogs With Hyperleptinemia.
2017, Rubio, C.P; Martinez-Subiela S.; Hermández-Ruiz, J.; et al. Serum Biomarkers of Oxidative Stress in Dogs With Idiopathic Inflammatory Bowel Disease.